Nossa coordenadora e professora Dra. Sula de Camargo, nos presenteia com um artigo comentado: Do Cinnamon Supplements Have a Role in Glycemic Control in Type 2 Diabetes – A Narrative Review?
Costello et al mencionam um estudo publicado anteriormente por outro autor que objetivava realizar uma meta-análise sobre a canela porém pela heterogenidade dos estudos encontrados não foi viabilizada.
De 11 estudos 7 usaram Cinnamomum cassia / Cinnamomum aromaticum; 1 usou C. zeylanicum e 3 não explicitaram a espécie, a duração variou de 4 a 16 semanas e as doses de 120 a 6000 mg por dia.
Na sua totalidade, esses estudos relataram redução da glicemia de jejum com o tratamento com canela e alguns mediram hemoglobina glicada e identificaram reduções modestas (redução média de 0,49%).
Dos 11 estudos, 4 alcançaram as metas de tratamento propostas pela American Diabetes Association (glicemia de jejum < 130mg/dl ou HbA1c < 7). Em geral, a qualidade desses estudos foi fraca e não houve uniformidade nos efeitos benéficos da canela.
Em sua revisão, Costello et al questionam a eficácia da canela no controle glicêmico por limitações nos estudos revisados que dificultaram a análise e a compreensão dos resultados, a saber:
A) dados ausentes na descrição dos grupos de pacientes que podem interferir na análise dos resultados como estado do peso ou adesão a medicamentos hipoglicêmicos, dieta ou mudanças na atividade física ao longo do estudo.
B) Formas diferentes de utilização, os extratos variaram o que pode implicar em variação dos compostos bioativos com níveis variáveis de biodisponibilidade e, possivelmente, potência.
C) Multiplicidade de produtos de canela, espécies e formas, doses e ingredientes bioativos que podem ter estado presentes.
D) A dieta dos participantes na linha de base ou durante a intervenção raramente foi relatada.
E) Informação incompleta sobre adesão ao tratamento com canela.
F) Ausência de informações sobre efeitos colaterais ou eventos adversos.
G) Ausência de ajustes quando os níveis basais diferiam entre grupos de controle e tratamento.
Observou-se nesses estudos que a redução da glicemia de jejum foi mais evidente nos pacientes que tiveram os valores basais médios mais altos no início do tratamento com canela e que podem ter alterado sua adesão a outros tratamentos durante o período de intervenção. Fenômeno este que pode estar relacionado ao melhor controle glicêmico em vez de um efeito significativo dependente da dose de canela.
Os autores concluem que a canela, quando adicionada à medicação hipoglicemiante convencional e outras terapias que envolvem mudanças no estilo de vida, pode contribuir com efeitos modestos sobre a glicemia de jejum e HbA1c e que os resultados dos estudos analisados não indicam sucesso do tratamento, embora possa fornecer uma redução adicional.
Texto produzido pela Dra. Sula de Camargo